Visão Feminina do jogo -Semestre Alvinegro

Por Eduarda Anebe @duda_anebe

Excepcionalmente, falarei do jogo de forma superficial, porque confesso, não analisei taticamente nem 15 minutos sequer, foi impossível, com tanta tensão, esperança e nervosismo, observar desenho tático.

A história todo mundo já sabe, o Botafogo foi eliminado pelo Avaí, com uma péssima arbitragem que deu um pênalti que não existiu, mais uma vez o árbitro foi um adversário extra.

Porém, isso não isenta os jogadores da culpa nem a diretoria, que de forma pífia, insiste em colocar sobre Maicosuel toda a esperança de um Campeonato Brasileiro menos vergonhoso. Tomara. Mas será? Será que uma andorinha fará verão?

E o que dizer do protesto no aeroporto? Posso estar mal informada, mas nenhum jogador foi agredido fisicamente, foram ofensas, gritos e coisas parecidas, mas ninguém foi agredido. O que a imprensa convencional esperava? Palmas? Abraços? Festa?

A torcida cobrou o que teoricamente, seria seu por direito: respostas, títulos, bons jogadores. Na verdade é direito nosso, mas parece até que o Botafogo tem ido bem, parece que ganhamos tudo, nem parece que perdemos a classificação da Taça Rio, quiçá a classificação na Copa do Brasil.

E ainda sobre o jogo, confesso que não entendi o porquê da entrada de Lucas Zen. Concordo que o garoto possa ter potencial, mas em um jogo decisivo, fazer testes? Posso estar errada, mas não achei produtiva a entrada de alguns jogadores, inclusive Fahel, que apesar de não ter feito sua pior partida, compromete bastante tecnicamente. Mais uma vez, defendo a velha e boa lista de dispensas, em que o nome do Fahel é obrigatório.

E vamos a uma síntese do primeiro semestre: postura do time definida por erros do antigo técnico Joel Santana, que imprimiu no time uma característica defensiva ineficiente. Já na Copa do Brasil, é impossível apontar um culpado, são tantos...a diretoria, alguns jogadores com falta de raça e outros com deficiência técnica propriamente dita.

Acho que todo torcedor do Botafogo não encontrou prazer nesse primeiro semestre. Podemos contar com exatidão quantos foram os jogos realmente emocionantes, apresentando-se bom futebol, onde vimos, além da costumeira raça dos atacantes, qualidade nas jogadas dos meias, bons cruzamentos dos laterais e não jogadas aéreas vistas como soluções para o problema da armação.

Além disso, vimos o único jogador que vinha se apresentando bem na criação de jogadas ser vendido, Renato Cajá estava longe de ser um craque, mas conseguia fazer a função com o mínimo de qualidade. Ficamos um tanto "órfãos" de um meio de campo decente, tentaram sim, firmar Everton, mas acho que ficou claro, ele não tem qualidade pra armar jogadas.

Vimos, inúmeras terças serem vistas como esperanças de reforços, meias de preferência. Mas não, a diretoria só especulou. Só foram ventilados nomes tidos como impossíveis, Diego, tal qual Ronaldinho Gaúcho, não veio e é provável que não venha e eu espero mesmo queimar a língua com relação ao primeiro, seria um reforço e tanto.

Agora, a nova é Ricardinho, um jogador já com idade avançada e sem muita perspectiva. Será que vale a pena? Ainda existe a possibilidade de Gilberto, que também, sinceramente, não supriria nossas necessidades. E sem essa de "é melhor que Somália", é correto nivelar por baixo? É isso mesmo que queremos?

Nesse semestre, deu pra notar, que se a diretoria quiser mesmo ter uma campanha razoável no Campeonato Brasileiro, reforços de qualidade deveriam ser obrigação. Só na meia? Não! A nossa zaga tem sido deficiente, mas vamos esperar, se com a volta de Fábio Ferreira, conseguimos acertar a defesa, sem precisar colocar um zagueiro disfarçado de volante pra não expor as fraquezas dos atuais zagueiros.

O ataque não chega a ser tão preocupante, mas tendo em vista uma competição longa, é natural acontecerem lesões. Vão esperar pra ver? Vão contar com a sorte? Porque a gente já sabe que a sorte nem sempre nos acompanha, ela escolhe os lesionados no palitinho.

E a nós? O que nos cabe nesse grande latifúndio? Vamos depredar nosso patrimônio? Quebrar carros de jogadores? Sequestrar os familiares deles? Jamais. A nossa conduta tem de ser tão grandiosa quanto a memória de nossos grandes ídolos. Se nos ausentarmos, não é apenas o time que sofrerá e sim toda a instituição. Por isso, protestemos, nos mostremos presentes nos estádios e nas ruas, mas com sobriedade sempre.

Protestar, xingar, é coisa do futebol e sempre deverá existir. Isso se não quisermos que o Botafogo se transforme em clube de médio porte. Pois a sensação é essa, a de que estão lucrando com o encolhimento progressivo do clube. Se os dirigentes encaram o Botafogo apenas como uma empresa, simplesmente estão fazendo uma péssima gestão, pois gestores de clubes objetivam títulos, pelo menos era pra ser assim. Mas eu falo de grandes títulos, compatíveis com o tamanho do sonho da torcida e com o passado do clube.

Por fim, foi um prazer inenarrável escrever mais uma vez e espero que o nosso Botafogo se recupere e nesse segundo semestre, nos dê mais alegrias do que tristezas, que nos ajude a voltar a acompanhar a trajetória no nosso time não como obrigação e sim como prazer.

Que a força esteja conosco, porque ultimamente..

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