Visão Feminina do Jogo - Botafogo 4 x 0 Vasco

Por Nathália Pereira, @Nathalia_rj

Impecável! Essa foi a atuação do Botafogo ontem no Engenhão. Ou quase impecável, não vamos encher de elogios pra não se acostumar e relaxar.

Mas sim, foi uma atuação de gala. A começar pelo pontapé inicial dado pelo grande Zagallo, que completa 80 anos essa semana. E parece que deu sorte, principalmente para o atual camisa 13 do Fogão.

Esse jogo tinha como um dos objetivos acabar com a superstição de estréia de uniformes contra o Vasco. Quem não se lembra daquele uniforme cinza dos 6 x 0?

Mas sai pra lá superstição porque esse jogo tinha tudo pra ser diferente. A começar pela escalação: Lucas no lugar de Alessandro. Finalmente nosso treinador percebeu quem tem que ficar na lateral direita, porque a esquerda... Bruno Cortês! O lateral simplesmente acabou com o jogo! Jogou muito, muito mesmo!! Marcação? Ele passava. Jogada difícil? Ele limpava. Até cruzamentos, deficiência das nossas laterais, ele fez com maestria. E a caneta no "melhor zagueiro do Brasil"? Seria efeito da lua de mel?

O primeiro tempo foi só do Botafogo. De acordo com Caio Jr, um primeiro tempo inesquecível. Para começar a festa alvinegra, Antônio Carlos abriu o placar. A zaga cruzmaltina, preocupada em parar Loco Abreu, deixou o melhor zagueiro do Brasil (sem aspas) cabecear sozinho o escanteio cobrado pelo BRILHANTE Renato. 1x0 Glorioso. 

E o Renato? A experiência dele em campo reflete a perfeição, a calma e a visão de jogo que ele tem.

Após sofrer o primeiro gol, o Vasco melhorou e começou a pressionar, mas no gol Alvinegro estava o melhor goleiro do Brasil. A falha dele no jogo anterior foi apagada com uma brilhante partida ontem.

Mas a festa do Botafogo só estava começando. Cortês passou por todo mundo, levou a bola para Herrera no meio que chutou e Prass espalmou. No rebote, Loco Abreu marcou para delírio da torcida. 2x0 Botafogo.

O Vasco estava tendo uma noite de Botafogo há algumas rodadas atrás. Quando resolveu pressionar, o time da Colina não conseguia boas finalizações, não havia aquele jogador para resolver.

Mas como no Botafogo tinha, o nosso homem que resolve estava lá para marcar mais um: após bolão de Felipe Menezes, Lucas levou até a linha de fundo, cruzou, Prass deu um tapa que caiu bem em cima de quem? Elkeson, que passou pra Loco Abreu aumentar. 3x0. Seria a história se repetindo, mas de maneira inversa? Primeiro tempo 3x0, pode virar 6!

Mas não, Botafogo soube administrar muito bem essa grande vantagem. Segundo tempo foi morno. Nem a entrada de Juninho abalou o Glorioso, pelo contrário. Botafogo soube impor a superioridade e a grandeza em campo. Loco Abreu quase devolveu os 6x0 para a Maria Fumaça da Colina: disputando com Dedé, Loco Abreu cabeceu alto e Prass fez grande defesa. No outro lance, digno de "Inacreditável Futebol Clube", Cortês cruzou e Loco Abreu chutou no travessão.

Para piorar a situação do Vasco, Diego Souza foi expulso. Com um a mais em campo, Botafogo abusava dos toques de bola, soube administrar a vantagem sem tomar grandes contra ataques. Pra quê continuar se matando em campo com uma vantagem de 3x0 e com um jogo importante pela Sulamericana na quarta feira?

Mas não, o nosso argentino fechou a goleada do Botafogo: Após linda roubada de bola, Renato e sua enorme visão de jogo percebeu Herrera livre, que chutou no cantinho para selar a linda vitória Alvinegra.

O que eu mais gostei de ver foi esse time unido. Uma "crise" imposta por muitos foi afastada, pelo menos visualmente. O banco de reservas nas comemorações, nossos titulares reconhecendo o trabalho do grupo, tudo foi de extrema importância. Todos muito bem em campo, todos! Até mesmo meu perseguido Felipe Menezes, apesar de lento em alguns momentos na minha opinião, foi essencial (principalmente no terceiro gol).

Maicosuel... não sei como ele atuaria nesse clássico. Continuaria prendendo a bola, talvez. Tática que, excluída do jogo de ontem, deu esse resultado. Botafogo teve toque rápido e bola no chão, inteligência, misturou jovens talentos como Cortês e Lucas com a experiência de Renato e Loco Abreu. E Loco Abreu é homem de receber a bola e resolver. Nada de ficar correndo em campo. Bola tocada pra ele é gol.

Um jogo realmente memorável e que siga de exemplo e combustível para os jogos que estão por vir. Afinal, não vamos esquecer que estamos iniciando um campeonato internacional, a Sulamericana. Nosso primeiro adversário é o Atlético-MG, nosso eterno freguês. Mas não vamos comemorar antes do tempo, vamos usar a humildade de ontem (sem a sede de revanche dos 6x0) para dar um passo de cada vez em busca do caminho mais curto para a Libertadores.

Saudações Alvinegras!

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